IDÉIA E FORMA
I
O peito sem cantares nem soluções,
As indolentes mãos sem harpa,
O doce lábio sem o sacro verbo,
A formosa frente sem luz da alma,
Chega a FORMA
Ao tempo dos Gênios, e ante a altar,
Sem vida em sua existência,
Desconsolada,
A frente dobra,
Dobra as asas.
II
Escutando caladas melodias,
Sentindo do incógnito as ânsias,
Mas sem vigor para estender o vôo
E sem vigor para pulsar a harpa,
Chega a IDÉIA
Do templo dos Gênios ante o altar,
Sem vida em sua existência,
Desconsolada,
A harpa rota,
Rotas as asas.
III
Mas de repente a IDÉIA ante a FORMA
—Tu és —irrompe com amor— minha irmã!
Tu sustentarás minha lira entre tuas mãos,
Tu sustentarás meu vôo com tuas asas;
E no entanto, ó FORMA!
Eu serei de teus lábios a palavra,
Vida de tua existência,
Ritmo de tua harpa,
Luz de tua fronte,
Alma de tua alma!—
IV
E qual duas notas da mesma corda,
E qual duas faíscas da mesma chama 1
Como os beijos no mesmo lábio,
Como as ondas na mesma praia,
IDÉIA e FORMA,
Do templo dos Gênios ante o altar,
Já vivem a existência,
Pulsam a harpa,
As frentes unem,
expandem as asas.
José María Rivas Groot
Tradução em português do Antonio Miranda
Verso omitido da tradução do Antonio Miranda.