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O BERÇO

acendem alegria no mundo/
trazem o vinho/ainda não tocado/
como virgem morena que já começava a encanecer/
não hás de beijá-la com desejo?/
quanto esperou/na grande escuridão/
para juntar-se ao teu sangue/
celebrar estas bodas?/
ó vinho velho/como a noite foi teu pai/
mas em minha alma farás um campo
verde como tua mãe/e jardins
cheios de pássaros de todas as espécies/
e haverá comércio entre eles e a língua/
e meus versos terão mais vôo e música
que todos os jardins de bagdá/
ó vermelho/não tens lugar para as tristezas/
escanceia-te um ser de partes femininas
em trajes de varão/
quando te levantou/puro/na jarra/
de seu rosto caíram resplendores/
a noite negra se fez dia/
e me serviu uma transparência/
que cegou o olho/a memória/
se mesclaram essa luz com outra luz/
a não vista/a última/
agora domo o tempo/
sentou à minha mesa a fêmea de meu desejo/
que não haja ausência entre nós/
tenho saudades de ti/não do lugar
onde a bela Hind/ou Asma
a de peitos redondos e branquíssimos/
plantou sua tenda/seus aromas de leite ardente e noite/
e quem desejará viver em uma tenda/
vendo passar ovelhas e camelos?/
quero viver em ti/vinho/sob
sóis que foram/com
tuas cândidas esposas balançando
o berço de meus versos adormecidos/

abu nuwas
(747?-815?/bagdá-basra-kufa)
autógrafo
Juan Gelman
Tradução em português do Andityas Soares de Moura


«Com/posiciones» (1983-1984)

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